domingo, 7 de junho de 2015

Apaguem a lua que eu quero dormir

Se eu pudesse amava toda a gente. Mas não posso. Nem quero. Além disso não me dá jeito nenhum fazer fretes. Por isso decido amar apenas quem ama, com ganas, com asas, com brasas espalhadas e tentativas falhadas. Com garras para agarrar e não largar o que se persegue. Gente com o coração na boca, o sangue na guelra e o pelo na venta. Com olhos que brilham muito e sorrisos rasgados, sinceros, desinteressados. Da gargalhada estridente, das mãos calejadas, do perder a noção do tempo embalado no colo daquela a que chamam má vida, erradamente; por ser, efectivamente, a melhor delas. Gente com tempero, sem medo de ter medos e incertezas. Que cultive dúvidas como cogumelos, que faça perguntas sem receio de descobrir que está errado. Gente que se enfrente, que se assuma, que se imponha.
Enfim, gente (que) viva. Porque a única vida má é uma vida-morta.

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