sexta-feira, 27 de março de 2015

Mãos ao alto

Na mão fechada segurava a hora que teimava em passar. A outra mão, vazia, usava-a para se safar por intermédio de fumo e artifícios. Avançava pela calada, sempre à espera de nada com a veia da testa a latejar. Empenhado em fechar a mão tropeçou num burocrata, bateu com a boca três vezes no mesmo lugar. Manias e vícios que agarrava, figurativamente, com ambas as mãos. Felizmente para si, e não tanto para os demais tinha o carisma de uma batata. Obstaculizava-se a olhos vistos na tentativa atabalhoada de atalhar caminhos. Incessantes périplozinhos a dar um ar da sua graça, que era nenhuma. Os pés p'las mãos, os pés na poça, o volta e vira e volta e vira e fica na mesma. Um cabaz de inutilidades à disposição de uma forma rara de existência. Nada mais do que o menos possível.

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